O
cenário atual de isolamento social na tentativa de manter alguns serviços a
distância otimizou ao trabalho remoto. Um dos setores afetados foi a produção
científica, principalmente quando se refere às cientistas mulheres, por buscar
equilibrar o trabalho doméstico, as vezes o cuidado com os filhos e sua vida
acadêmica.
Conforme os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres responsáveis pelo
aspecto financeiro da família crescem substancialmente, chegando aos 37,3
milhões em 2010. O que acarreta em uma jornada dupla de trabalho. Sem contar as
mulheres que possuem um companheiro(a), mas o mesmo não compadece da divisão de
atividades domésticas, intensificando o desgaste feminino no ambiente familiar.
Se isso já era preocupante antes da
pandemia, neste momento em que as crianças estão em casa sob auxílio dos seus
pais para a participação de aulas remotas (quando isso é possível) ou
atividades e provas, e ainda dirigente dos serviços da casa, passa a ser mais
perceptível as desigualdades de gênero.
As mulheres na ciência que também
enfrentam esse quadro e ainda precisam se dedicar as suas respectivas pesquisas.
Embora sejam maioria nas bolsas CNPq, ainda enfrentam dificuldades em ocupar
postos de maior posição, é o que demonstra Assis (2018), editora da Revista Gênero
e Números, quando expõe dados substanciais da presença feminina no meio
acadêmico tanto na iniciação científica (55%), mestrado (52%) doutorado (50%) e
no pós-doutorado (53%). Ainda existem alguns paradigmas a se romper para expandir
e possibilitar a participação das mulheres em cargos de maior responsabilidade.
Um estudo reportado pelo G1
(2020), expõe o projeto “Agora é que são elas: a
pandemia de COVID-19 contada por mulheres”, coordenado pela
psicóloga e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Camila
Peixoto Farias, respondido por aproximadamente 6 mil mulheres, centraliza o
agravo na precarização do trabalho científico feminino, pois os trabalhos
familiares e sociais se intensificaram, principalmente em classes menos
favorecidas.
O site Uol (2020) traz o recorte da
pesquisa realizada tanto na revista de ciências sociais "Dados", da UERJ
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro), em consonância da "American
Journal of Political Science" e mais dois periódicos científicos, os
quais demonstram que, neste momento de pandemia, as mulheres deixaram de
publicar artigos como primeiras autoras e passam a escrever em coautoria, diferentemente
dos homens.
Ademais,
é importante frisar que este cenário precisa mudar, uma sociedade contemporânea
necessita discutir sobre as desigualdades que nos distanciam de mundo
equilibrado e com direitos iguais a todos os cidadãos, é preciso avançar!
REFERÊNCIAS:
ASSIS, Carolina
de. Infográfico:
Os caminhos de mulheres e homens na ciência brasileira. Gênero e número,
2018. Disponível em:http://www.generonumero.media/infografico-os-caminhos-de-mulheres-e-homens-na-ciencia-brasileira/. Acesso em: 16 jul. 2020.
BOFILL, Maria Eugenia. Mulheres cientistas
relatam desafios enfrentados com a pandemia no RS. G1 – RS. Disponível em: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2020/06/15/mulheres-cientistas-relatam-desafios-enfrentados-pelo-genero-com-a-pandemia-no-rs.ghtml. Acesso em: 16 jul. 2020.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Estatística
de gênero. Censo Demográfico 2010. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/snig/v1/?loc=0&cat=-15,-16,53,54,55,-17,-18,128&ind=4704.
Acesso em: 15 jul. 2020.
GARCIA, Janaina. Produção científica
de mulheres despenca na pandemia --de homens, bem menos. UOL. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/05/26/pandemia-pode-acentuar-disparidade-entre-homens-e-mulheres-na-ciencia.htm.
Acesso
em: 16 jul. 2020.
Comentários
Postar um comentário