SOS Meio ambiente
Meio ambiente não é meio,
Não é sonho ou devaneio,
Não é conto ou poesia.
Meio ambiente é mais que meio,
É a redoma, é o esteio:
Bio-terra em harmonia.
Meio ambiente é a natureza,
Flora verde, mil riquezas,
Fauna viva - ao natural.
Meio ambiente é a própria vida,
Ou a morte pressentida,
Que buscamos, afinal?
Eis que o homem ganancioso,
Irresponsável, belicoso,
Ignora o grande mal
E a floresta dizimando,
A terra fértil calcinando,
Só pensou no vil metal.
Rios e lagos vão secando,
Água doce escasseando;
Floresta perde a cor.
Morre a fauna nessa guerra,
Triste fim da frágil terra:
Um deserto aterrador.
Chora o solo acinzentado,
Chora a mata o mal legado,
Chora a fauna tal desdém;
E o homem, indiferente,
Na ganância persistente,
Busca a morte, assim, também.
Justo Chacon
Vivemos uma sociedade em constante
crescimento tecnológico e científico que altera diferentes âmbitos, seja nas
relações humanas, quanto nos meios de produção, potencializando os processos e
atendendo a demanda social, como o atual sistema capitalista que assola a
maioria das sociedades contemporâneas, globalizando informações, produtos,
indústria cultural, etc.
Por outro lado, temos o
crescimento exponencial da população mundial, em que se pode observar um
aumento de impactos ambientais decorrentes deste intensivo uso ou pressão sobre
a natureza ou propriamente dos recursos naturais (RICKLEFS, 1996). Neste
aumento populacional, também se institui uma cultura do consumismo exacerbado,
marcada pela necessidade histórica de produção e consumo, além de
institucionalização de costumes e hábitos que elevam cada vez mais a necessidade
de consumir na lógica do capitalismo, produzindo uma quantidade descomunal de
resíduos e lixo. Em ambientes urbanos e ruarais, este o crescente processo de
geração de residuos é o mais preocupante, pois no Brasil, ainda se tem muito a
avançar em distinação correta, reciclagem e processos mais sustentáveis destes
residuos.
O agravamento de impactos
ambientais decorrente desta produção em massa de lixo, por exemplo, acabam
atingindo os meios aquáticos, também podendo ser afetado por substâncias tóxicas e
detritos de esgoto e lixo no geral, sendo que os fatores ambientais, abióticos
e bióticos sofrem mudanças, causando o desequilíbrio no espaço natural,
prejudicando seres vivos e recursos naturais deste meio. No entanto a
contaminação da água, também influencia as comunidades humanas, ou seja, o
homem altera a natureza, mas ao mesmo tempo é mudado por ela, inferindo sobre a
qualidade de vida e saúde coletiva destas populações. Considera-se que
até recentemente,
nossa capacidade de efetuar estas transformações industriais com moléculas
orgânicas era considerada uma benção que permitia ao ser humano e suas máquinas
exercerem poder sobre o meio ambiente. Conseguimos drogas maravilhosas, fibras,
pílulas de controle da natalidade, brinquedos plásticos, refrigerantes e comida
suficiente para a maior parte das pessoas na maior parte do tempo. [...], mas
agora temos o ar poluído [...], peixes morrendo em lagos e rios onde não mais
ousamos nadar [...], os mares estão ameaçados por uma mortífera combinação de
óleo cru e dejetos industriais [...], 500.000 novos tipos de moléculas
sintéticas, transportadas por rios do mundo, terminam no mar a cada ano
(ALLIGER et al., 1976, pg. 5).
Sendo assim, podemos
considerar que estamos vivendo uma crise ecológica, que vem expandindo-se cada
vez mais na base social, marcando uma cultura de destruição e esgotamento do
meio natural, prejudicando até mesmo a saúde e a própria sobrevivência humana. Com
uma necessidade de ampliação a toda a sociedade, não se desconsidera a atenção,
os esforços históricos, ativismo e preocupação em relação ao meio ambiente, por
pessoas e organizações. No entanto, precisamos recuperar o sentimento de
pertencimento como agentes cidadãos, autônomos na consciência na tomada de
decisões, criando uma relação harmônica com o meio ambiente, marcado pela
concepção de integralização como um ser que não está isolado ou unilateral, mas
sim dependente dela.
Perante a estes problemas,
enfatizamos a Educação Ambiental, que além de ser um tema transversal no ensino
(BRASIL, 1997) é um Principios do
Direito Ambiental (BRASIL, 1998), sendo apontado como um caminho a ser percorrido, para que os sujeitos
desenvolvam concepções, sob um viés da sensibilidade, integrando-se ao ambiente
natural, criando uma ecoternura em que o sentimento manipulador de destruição e
poluição, passa a ser mais crítico e situado no espaço natural, sendo
que
uma redefinição ecológica da cultura deve passar pela recuperação da
sensibilidade. Só enquanto captarmos sensorialmente as dificuldades do
ambiente; só quando aprendermos de novo a distinguir odores e os sabores para
detectar de maneira direta a contaminação do ar e dos produtos alimentícios; só
quando nos relacionarmos visceralmente com o meio e reproduzirmos em nosso
corpo o sofrimento das espécies envenenadas e encurraladas, só então seremos
capazes de confrontar nossos comportamentos e símbolos, gerando cognições
afetivas que permitam reestruturar nossa dimensão ética (RESTREPO,
2001, p. 87).
Assim, é
necessário inserir a Educação Ambiental no ambiente escolar desde cedo, uma vez
que a escola é um propício ambiente para promover debates que vão refletir na
formação do sujeito. O sujeito precisa estar ciente dos efeitos da destinação
incorreta do lixo na sociedade, das relações de posse e antropocentrica sobre
os recursos naturais, etc. Consideramos que a Educação Ambiental, em níveis legais existe e
deve ser potencializada, expandindo barreiras, desnaturalizando conceitos,
comportamentos e hábitos, inclusive recuperando no indivíduo socialmente ativo,
ações perante a crise ecológica que assola a sociedade contemporânea, do
consumo excessivo de lixo, baseado nas vertentes capitalistas. Que o sujeito
assuma uma postura, seja capaz de tomar decisssões como um ser político,
perante o meio ambiente e sua cidadania. Ressignificando esta anormalidade de uma
cultura de destruição e esgotamento do meio natural, que prejudica o ser humano
na esfera da saúde e principalmente ambientalmente, interferindo na natureza.
Sendo assim, apontamos para uma necessária recuperação do sentimento de
pertencimento como agentes cidadãos, intervindo no espaço natural, mantendo uma
relação harmônica na inter-relação homem-natureza. Ampliando conceitos e
mobilizando ações. Pensar o hoje, é pensar o amanhã: o que queremos? o que
fazemos? o que podemos fazer?...
Leonardo Priamo Tonello e Jonatan Josias Zismann
Bolsistas PET Ciências (SESu/MEC/FNDE) –
Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo - RS
Referências
ALLINGER,
N.; CAVA, M. P.; JONGH, D. C. Química Orgânica. Rio de Janeiro: LTC,
1976.
BRASIL.
Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal. 496 p. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf.
Acesso 18 jun. 2020.
BRASIL.
MEC.Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde. Brasília, MEC,
1997.
RICKLEFS,
R. E. A Economia da Natureza. 6. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
RESTREPO,
Luis Carlos. O direito à ternura. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
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