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Antes de tudo: a sensibilização com/pelo Outro

    
Primeiramente, agradeço o convite que me impulsiona continuar refletindo sobre a difícil situação mundial que estamos vivendo e, ao mesmo tempo, parabenizo a iniciativa do PETCiências por meio do constante envolvimento dos alunos da graduação em Biologia da UFFS e do Professor Dr Roque Güllich, sempre uma referência de comprometimento com a educação.
    Depois, penso ser urgente refletir sobre a importância da sensibilização com/pelo Outro no momento atual. Trata-se de uma situação coletiva de ameaça à vida/saúde que escancara por meio das desigualdades, o quanto ainda somos pouco impactados com as dificuldades que enfrentam as pessoas à nossa volta. Naturalizamos a pobreza, a doença, o sofrimento do Outro - pouco (ou nada) nos impacta sua situação, mesmo diante de uma pandemia mundial.
    Não é novidade que as desigualdades são um problema social e político que acompanha a existência da sociedade, mas agora reverbera suas piores faces por meio de pessoas que enfrentam dificuldades como a fome e o frio, a ausência de um olhar amigo, uma palavra de conforto, uma ajuda possível. Será que fizemos pelo Outro o que está ao nosso alcance?
    Essa pergunta direcionada à área da Educação Especial reforça o entendimento de que, antes de tudo, a sensibilização com/pelo Outro se faz necessária. São mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, segundo o Censo Demográfico do IBGE de 2010; São pessoas que encontram diferentes dificuldades de locomoção, comunicação, interação, de aprendizagem e/ou desenvolvimento, outras que precisam de cuidador diariamente, ou dependem do contato físico para comunicação, entre outras necessidades. 
    Se a existência de um novo vírus traz consigo um turbilhão de novos anseios, medos e inseguranças, a estas pessoas e suas famílias podem causar proporções ainda maiores: são tratamentos comprometidos, isolamento possível de desenvolver outras condições/dificuldades, acompanhamentos necessariamente talvez interrompidos ou reorganizados que podem não estar causando o mesmo efeito.     Este fato nos faz refletir sobre as atividades remotas/online que muitos estudantes estão atualmente vivenciando. Como estão acontecendo? Quais são suas estratégias? São consideradas as especificidades de todos os alunos? São questões que a todo momento precisam nos acompanhar e não interessar apenas a estes sujeitos. A preocupação com a educação de qualidade para todos precisa ser uma preocupação coletiva que, sobretudo, tem a ver com a sensibilidade por aqueles que dela necessitam.         Especificamente, é importante que as atividades destinadas ao público da Educação Especial estejam o mais próximo possível das especificidades dos alunos, previamente de acordo com uma avaliação pedagógica sobre o estágio de seu desenvolvimento, bem como adequadamente dispostas ao tempo do aluno e também das atuais condições de auxílio ao mesmo. Atividades lúdicas, interativas, criativas e de interesse dos alunos apresentam maior possibilidade de pedagogicamente potencializarem suas aprendizagens. 
    Outra questão importante é refletir sobre o impacto do uso diário de máscaras (necessárias para proteção coletiva) para aquelas pessoas que necessitam da leitura labial para se comunicar com os demais. Sabemos que o recurso da leitura labial – técnica orofacial utilizada por pessoas cuja língua materna é o Português, a qual baseia-se no uso da fala e resíduos auditivos para comunicação oral – é imprescindível na observação do posicionamento dos lábios, para que, junto dos sons ouvidos (ou não), a pessoa com deficiência auditiva consiga ter uma maior facilidade para compreender a mensagem transmitida.
     A sensibilização com/pelo Outro possibilita encontrar pessoas preocupadas com a necessidade da leitura labial investindo na produção de máscaras com proteção segura e transparente, cuja utilização não impeçam a visão orofacial daqueles que a necessitam. A sensibilização também pode vir do compartilhamento de informações, ideias e alternativas à estas pessoas sobre a necessária distância de 1,5m (recomentada pela Organização Mundial de Saúde), especialmente durante a comunicação.
     Para terminar: desejo que o momento atual nos ajude a estimular o desenvolvimento de sensibilidade com e pelo outro que, definitivamente, não diz respeito apenas a quem recebe, mas sobretudo a quem possibilita. Enfim, hoje eu ajudo, amanhã eu sou ajudado.

Silvana Matos Uhmann 
Professora de Libras e Educação Inclusiva 
do instituto de Educação de Angra dos Reis 
da Universidade Federal Fluminense

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